Monday, December 6, 2010

Cara de Metro

Há coisas que decididamente são mais fortes que nós, e completamente involuntárias: tal como a dança do xixi, ou aquela vontade incontrolável de rir quando sabemos que não podemos de forma alguma fazê-lo. Ora bem, outra coisa que nos é completamente impossível de controlar quando viajamos sozinhos no metropolitano é a Cara de Metro.


Por muito bem dispostos que estejamos (e até podemos ter acordado a sentir-nos fantásticamente bem), entra-se no metro e ao 2º ou 3º segundo de viagem com o chiar dos carris lá fora e o reflexo dos passageiros a bater no vidro que dá para as paredes de betão, já estamos nós invariavelmente com cara de metro.

E esta é uma cara muito específica, atenção! Não a confundam com má disposição, tristeza ou até mesmo apatia; não, esta é uma cara que se alonga, onde os olhos ficam dispersos, prendendo-se a pormenores indignificantes (quantas vezes não damos por nós a olhar fixamente para a publicidade do metro, não a lê-la!, mas a ver que está completamente torta?).

E o mal é geral: se fizerem o exercício de percorrer as faces dos outros passageiros, todos de certo terão cara de metro - à excepção, claro, dos que viajam acompanhados. Todavia o curioso é que, mal saindo do metro, a cara sofre de novo a metamorfose ao normal: sorrimos, se estivermos bem e felizes; ficamos de semblante pesado se o dia não estiver a correr assim tão bem. Mas durante aqueles minutos de viagem é como se tivéssemos entrado num vortex à Stargate, um universo paralelo que percorre os túneis subterrâneos do metro, onde ficamos todos em estado semi-vegetativo.

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